Eu
adoro todas as coisas
E o
meu coração é um albergue aberto toda a noite.
Tenho
pela vida um interesse ávido
Que
busca compreendê-la sentindo-a muito.
Amo
tudo, animo tudo, empresto humanidade a tudo,
Aos
homens e às pedras, às almas e às máquinas.
Para
aumentar com isso a minha personalidade.
Pertenço
a tudo para pertencer cada vez mais a mim próprio
E a
minha ambição era trazer o universo ao colo
Como
uma criança a quem a ama beija.
Eu
amo todas as coisas, umas mais do que as outras —
Não
nenhuma mais do que outra, mas sempre mais as que estou vendo
Do
que as que vi ou verei.
Nada
para mim é tão belo como o movimento e as sensações.
A
vida é uma grande feira e tudo são barracas e saltimbancos.
Penso
nisto, enterneço-me mas não sossego nunca.
Dá-me
lírios, lírios
E
rosas também.
Álvaro de Campos
(A reportagem fotográfica está aqui.)
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