Símbolo: signo estabelecido convencionalmente,
como uma metáfora, que opera por analogia ou contiguidade com o referente.
Os símbolos revelam os segredos do
inconsciente, conduzem aos lugares mais recônditos e misteriosos, abrem o espírito
para o desconhecido e para o infinito. Todos utilizamos símbolos – na
linguagem, nos gestos, nos sonhos.
A expressão simbólica traduz o
esforço do homem para decifrar e compreender um destino que lhe escapa, através
das realidades obscuras que o rodeiam.
Significação de alguns símbolos:
Chuva -
agente fecundador do solo, graça, sabedoria. Reúne os símbolos do fogo e da água,
fertilização especial e material.
Cinzas -
morte, penitência, renúncia, dor.
Cores:
Amarelo - intensidade, violência (a mais
quente, a mais ardente das cores). Em função das tonalidades (claro/escuro)
pode simbolizar: juventude, fertilidade ou declínio, abismo, morte.
Azul - a mais fria, profunda e imaterial
das cores. Caminho para o infinito, o inacessível, o sonho.
Branco - cor neutra, passiva, passagem do
visível para o invisível, morte e renascimento, pureza.
Encarnado - cor ligada ao princípio da vida, a
força impulsiva do amor, as virtudes guerreiras. A sua ambivalência remete para
a vida e para a morte. É sinónimo de juventude, saúde, riqueza e amor.
Preto - ausência de cor, associado às
trevas primordiais e à indiferença original, a passividade absoluta, morte,
liga-se à ideia do mal.
Verde - cor intermédia entre o azul e o
vermelho, domina no reino vegetal e na água. Simboliza a esperança, a força, a
longevidade, a imortalidade.
Dia - nascimento, crescimento, plenitude e declínio de vida.
Direita -
lado diurno, divino, favorável, de bom augúrio. Na tradição cristã do Ocidente
significa o futuro, tem um valor benéfico, indica a direção do paraíso, o lugar
dos Eleitos, no Julgamento Final. A linha direita pode ser simbolizada pela
flecha, o raio, a coluna, a chuva, a espada.
Espada -
estado militar, bravura, poder. Tem um valor ambivalente: destrói, mas
restabelece e mantém a paz e a justiça. Associada à balança, remete para a
Justiça, separa o bem do mal, castiga o culpado.
Espelho -
a verdade, a sinceridade, o conteúdo do coração e da consciência, a sabedoria,
o conhecimento, a inteligência criativa, a revelação da identidade.
Esquerda - lado noturno, satânico, nefasto, de mau augúrio. Na tradição
cristã do Ocidente significa o passado. Tem um valor maléfico. Indica a direção
do inferno, o lugar dos Condenados.
Estações do ano - ritmo da vida, as etapas de um ciclo.
Primavera - nascimento.
Verão - formação.
Outono -
maturidade.
Inverno - declínio da vida, morte.
Ferro -
robustez, dureza, durabilidade, solidez, inflexibilidade.
Flor -
caráter fugitivo da beleza, a efemeridade e brevidade da vida, da beleza, dos
prazeres.
Rosa -
beleza, manifestação das águas primordiais, renascimento místico, símbolo do
amor.
Fogo -
purificação, regeneração, a iluminação, a destruição. Pode ter um sentido
ambivalente: a destruição pode ter como objetivo a regeneração para alcançar a
luz e a verdade.
Jade -
soberania, poder, regeneração, símbolo portador de energia cósmica, de
qualidades indestrutíveis, assegura a imortalidade.
Jardim - paraíso terrestre, estados
espirituais que correspondem à presença do Homem no paraíso, natureza
restaurada, restauração da natureza original do ser, equilíbrio, perfeição,
beleza.
Lama -
símbolo da matéria primordial e fecunda de que o Homem foi feito, ponto de
partida, processo de involução, início de degradação.
Lua - reflexo do sol, dependência e princípio
feminino, transformação renovadora, tempo que passa, medida dividida por fases,
passagem da vida à morte e da morte à vida, conhecimento indireto, discursivo,
progressivo. Evoca metaforicamente a beleza e também a luz das trevas.
Luar -
claridade da lua, o mundo de reflexo e de aparências. A lua ilumina o caminho
do perigo e da imaginação.
Luz - valor complementar ou alternante da evolução
da vida humana a todos os níveis, intervenção dos deuses, força, fecundante, o
sagrado.
Luz do sol
- expressão do poder divino, da crença e da esperança humanas.
Manhã - tempo de luz pura, pureza e promessa,
hora da vida paradisíaca, a confiança em si próprio, nos outros, na existência.
Mar - dinâmica da vida, lugar de nascimento, de
transformações, de renascimentos. Águas em movimento: estado transitório entre
o possível ainda informal e a realidade formal, situação de ambivalência, de indecisão,
podendo ter uma conclusão positiva ou negativa. Pode ser a imagem da vida e da
morte.
Moeda -
num sentido metafórico, moeda verdadeira e moeda falsa associam-se ao
discernimento dos factos e aos actos conforme o espírito, ao uso da fé como
critério de verdade.
Trinta moedas -traição. Este símbolo evoca a recompensa dada pelos romanos ao
discípulo de Cristo, Judas, quando trai o Mestre.
Morte -fim absoluto
de qualquer coisa de positivo e de vivo, aspeto perecível e destruidor da
Natureza, aquilo que desaparece na inelutável evolução das coisas. Liga-se ao
símbolo da Terra, acesso a uma vida nova de libertação das forças negativas,
desmaterializa e liberta as forças ascendentes do espírito. Filha da noite e
irmã do sol.
Música -
manifestação de arte caracterizada pela harmonia que comanda a ordem do
Universo onde o Homem se integra. Remete para a ideia de perfeição.
Noite -
tristeza, angústia, começo da jornada, tempo de gestação e de conspiração,
imagem do inconsciente. Possui um duplo aspeto: trevas e fermento do futuro
(preparação do dia).
Números:
1 (um) - verticalidade, princípio ativo,
o criador, centro cósmico e místico, revelação, mediação capaz de elevar o Homem,
através do conhecimento. Simboliza o Homem ativo, associado à obra da criação.
2 (dois) - oposição, conflito, reflexão,
equilíbrio, ambivalência, antagonismo (o criador / a criatura; o branco / o
preto; o masculino / o feminino; a matéria / o espírito), a dialética, o
esforço, o combate, o movimento, a rivalidade. A imagem dupla intensifica o
seu valor simbólico, desdobrada revela as divisões internas.
3 (três) - exprime uma ordem intelectual
e espiritual. Sintetiza a unidade do ser vivo.
4 (quatro) - a solidez, o tangível, o
sensível, o terrestre, a totalidade, a universalidade. Representa o número de
portas que permitem o acesso ao aperfeiçoamento místico.
5 (cinco) - união, harmonia, equilíbrio,
ordem, perfeição, os cinco sentidos, a totalidade do mundo sensível. Simboliza
o Homem, o Universo, a vontade divina, o casamento do princípio celeste (3) com
o princípio terrestre (2), o fogo numa aceção ambivalente: dia, luminosidade /
noite, trevas.
6 (seis) - a prova entre o bem e o mal,
a mediação entre o Princípio criador e a manifestação.
7 (sete) - poder, pacto entre Deus e o
Homem, a plenitude, a perfeição, a unidade, a realização total, consciência da
vida, ciclo terminado, renovação positiva. Simboliza a totalidade do espaço, do
tempo, do Universo em movimento.
8 (oito) - equilíbrio cósmico, anúncio
de uma época eterna, Justiça. Simboliza a ressurreição seguida de transfiguração,
através da graça divina.
9 (nove) - medida das gestações, das
procuras futuras, coroação de esforços, número da plenitude.
10 (dez) -
sentido de totalidade, é símbolo da criação universo.
12 (doze) -
número das divisões espácio-temporais, simboliza o Universo na sua complexidade
interna. Este número é de grande riqueza na simbologia cristã. Para os
escrivães bíblicos, é o número da eleição. Representa um ciclo fechado.
13 (treze) - mau augúrio. Na Antiguidade, assumia-se como o mais poderoso e
sublime dos números.
17 (dezassete) - número nefasto.
Nuvem -
natureza confusa e mal definida, realidade em metamorfose. Simboliza a
manifestação da atividade divina enquanto produtora de chuva, está ligada às
fontes de fecundidade.
Olho(s) -
conhecimento, perceção intelectual da realidade. Na tradição maçónica, o olho
simboliza o sol que é luz e vida.
Olhar - instrumento
de revelação da interioridade, espelho que reflete duas almas.
Os quatro elementos da Natureza:
Água -
(elemento passivo e feminino) fonte e origem da vida, meio de
purificação, retorno à origem. Símbolo de fertilidade, pureza, sabedoria,
graça e virtude, totalidade de possibilidades.
Ar
- (elemento ativo e masculino) símbolo de
espiritualização. Está associado ao vento, ao sopro, representa o mundo subtil
intermediário entre o céu e a terra, símbolo sensível da vida invisível, um
móbil universal e purificador. É o meio próprio da luz, do perfume, da cor, das
vibrações interplanetárias. É a via de comunicação entre a terra e o céu. O ser
aéreo é livre como o ar e, longe de se evaporar, participa nas propriedades
subtis e puras do ar.
Fogo -
(elemento ativo e masculino) purificação, regeneração, a iluminação, a
destruição. Pode ter um sentido ambivalente: a destruição pode ter como
objetivo a regeneração para alcançar a luz e a verdade.
Terra -
(elemento passivo e feminino) substância universal, a matéria-prima separada
das águas. Simboliza a função maternal, a fecundidade e a regeneração, a mãe,
fonte do ser e da vida, o seu contacto devolve as forças e energias.
Ouro -
o mais precioso dos metais, o metal perfeito, tem o brilho da luz, reflete a
luz divina, evoca o sol e toda a sua simbologia: fecundidade-conhecimento.
Pássaro -
relações entre o Ser e a Terra, presságio, mensagem do céu, figura da alma
libertando-se do corpo, símbolo do mundo celeste, estado espiritual, estados
superiores do ser, intermediário entre Céu e Terra, poder mágico de comunicar
com os deuses.
Pedra -
elemento de construção associado à sedentarização dos Homens. Estabelece uma
relação íntima entre a Terra e o Céu. Símbolo da Terra-Mãe. A pedra bruta é
ambivalente: se é trabalhada pela ação humana, torna-se vulgar; se é talhada
pela atividade celeste, enobrece.
Pena -
ascensão celeste, clarividência, poder, símbolos de sacrifício.
Rio - vida e morte, descida para o oceano, retorno à
indiferenciação, regresso às fontes divinas, às origens. Para os gregos, os
rios eram divinizados como os filhos do Oceano e pais das ninfas. O rio
inspirava veneração e crença. O rio dos Infernos significa os tormentos que
esperam os condenados. Os rios perdem-se nos lagos e vão desaguar ao mar, simbolizam
o curso - a existência da vida humana.
Sangue -
veículo de vida, fonte de vitalidade corporal e espiritual, simboliza os
valores associados à beleza, à nobreza e à elevação.
Serpente -
ligada à noite das origens subterrâneas e frias, símbolo ambivalente: impede a
desintegração, transmuta a morte em vida; engendra os vícios humanos, simboliza
o secretismo, o orgulho, a avareza, o egoísmo, a luxúria.
Sino - música primordial da harmonia universal, apelo
divino, a obediência à palavra divina, comunicação entre o Céu e a Terra. Pode
simbolizar o afastamento das influências más ou o aviso da sua aproximação.
Sol - manifestação da divindade, fecundador, fonte
de luz, de calor e de vida, é símbolo de ressurreição e de imortalidade.
Representa o centro do céu, o centro do ser, a inteligência cósmica. É símbolo
do rei e coroação do império. Fonte da vida e do conhecimento.
Sonho -
não é controlado, escapa à vontade e à responsabilidade do indivíduo. Os sonhos
podem ser proféticos, iniciáticos, telepáticos, visionários ou mitológicos.
Estes são necessários ao equilíbrio biológico e mental.
Tambor -
arma psicológica.
Viagem -
verdade, paz, imortalidade, preparação para a iniciação, progressão espiritual,
desejo de mudança interior, desejo de experiências novas, insatisfação e procura
de novos horizontes.
Jean Chevalier, Alain Gheerbrant,
Dictionnaire des Symboles, Robert Laffont, Jupiter (adaptado)
Sem comentários:
Enviar um comentário