Museu Romântico - pensamentos

sábado, 17 de novembro de 2012

GLOSSÁRIO DE SÍMBOLOS




Símbolo: signo estabelecido convencionalmente, como uma metáfora, que opera por analogia ou contiguidade com o referente.

Os símbolos revelam os segredos do inconsciente, conduzem aos lugares mais recônditos e misteriosos, abrem o es­pírito para o desconhecido e para o infinito. Todos utilizamos símbolos – na linguagem, nos gestos, nos sonhos.
A expressão simbólica traduz o esforço do homem para decifrar e compreender um destino que lhe escapa, através das realidades obscuras que o rodeiam.


Significação de alguns símbolos:

Chuva - agente fecundador do solo, graça, sabedoria. Reúne os símbolos do fogo e da água, fertilização especial e material.
Cinzas - morte, penitência, renúncia, dor.
Cores:
Amarelo - intensidade, violência (a mais quente, a mais ardente das cores). Em função das tonalidades (claro/escuro) pode simbolizar: juventude, fertilidade ou declínio, abismo, morte.
Azul - a mais fria, profunda e imaterial das cores. Caminho para o infinito, o inacessível, o sonho.
Branco - cor neutra, passiva, passagem do visível para o invisível, morte e renascimento, pureza.
Encarnado - cor ligada ao princípio da vida, a força impulsiva do amor, as virtudes guerreiras. A sua ambivalência remete para a vida e para a morte. É sinónimo de juventude, saúde, riqueza e amor.
Preto - ausência de cor, associado às trevas primordiais e à indiferença original, a passividade absoluta, morte, liga-se à ideia do mal.
Verde - cor intermédia entre o azul e o vermelho, domina no reino vegetal e na água. Simboliza a esperança, a força, a longevidade, a imortalidade.
Dia - nascimento, crescimento, plenitude e declínio de vida.
Direita - lado diurno, divino, favorável, de bom augúrio. Na tradição cristã do Ocidente significa o futuro, tem um valor benéfico, indica a direção do paraíso, o lugar dos Eleitos, no Julgamento Final. A linha direita pode ser simbolizada pela flecha, o raio, a coluna, a chuva, a espada.
Espada - estado militar, bravura, poder. Tem um valor ambivalente: destrói, mas restabelece e mantém a paz e a justiça. Associada à balança, remete para a Justiça, separa o bem do mal, castiga o culpado.
Espelho - a verdade, a sinceridade, o conteúdo do coração e da consciência, a sabedoria, o conhecimento, a inteligên­cia criativa, a revelação da identidade.
Esquerda - lado noturno, satânico, nefasto, de mau augúrio. Na tradição cristã do Ocidente significa o passado. Tem um valor maléfico. Indica a direção do inferno, o lugar dos Condenados.
Estações do ano - ritmo da vida, as etapas de um ciclo.
Primavera - nascimento.  
Verão - formação.
Outono - maturidade.
Inverno - declínio da vida, morte.
Ferro - robustez, dureza, durabilidade, solidez, inflexibilidade.
Flor - caráter fugitivo da beleza, a efemeridade e brevidade da vida, da beleza, dos prazeres.
Rosa - beleza, manifestação das águas primordiais, renascimento místico, símbolo do amor.
Fogo - purificação, regeneração, a iluminação, a destruição. Pode ter um sentido ambivalente: a destruição pode ter como objetivo a regeneração para alcançar a luz e a verdade.
Jade - soberania, poder, regeneração, símbolo portador de energia cósmica, de qualidades indestrutíveis, assegura a imortalidade.
Jardim - paraíso terrestre, estados espirituais que correspondem à presença do Homem no paraíso, natureza restaurada, restauração da natureza original do ser, equilíbrio, perfeição, beleza.
Lama - símbolo da matéria primordial e fecunda de que o Homem foi feito, ponto de partida, processo de involução, iní­cio de degradação.
Lua - reflexo do sol, dependência e princípio feminino, transformação renovadora, tempo que passa, medida dividida por fases, passagem da vida à morte e da morte à vida, conhecimento indireto, discursivo, progressivo. Evoca metaforica­mente a beleza e também a luz das trevas.
Luar - claridade da lua, o mundo de reflexo e de aparências. A lua ilumina o caminho do perigo e da imaginação.
Luz - valor complementar ou alternante da evolução da vida humana a todos os níveis, intervenção dos deuses, força, fecundante, o sagrado.
Luz do sol - expressão do poder divino, da crença e da esperança humanas.
Manhã - tempo de luz pura, pureza e promessa, hora da vida paradisíaca, a confiança em si próprio, nos outros, na exis­tência.
Mar - dinâmica da vida, lugar de nascimento, de transformações, de renascimentos. Águas em movimento: estado tran­sitório entre o possível ainda informal e a realidade formal, situação de ambivalência, de indecisão, podendo ter uma conclusão positiva ou negativa. Pode ser a imagem da vida e da morte.
Moeda - num sentido metafórico, moeda verdadeira e moeda falsa associam-se ao discernimento dos factos e aos ac­tos conforme o espírito, ao uso da fé como critério de verdade.
Trinta moedas -traição. Este símbolo evoca a recompensa dada pelos romanos ao discípulo de Cristo, Judas, quan­do trai o Mestre.
Morte -fim absoluto de qualquer coisa de positivo e de vivo, aspeto perecível e destruidor da Natureza, aquilo que de­saparece na inelutável evolução das coisas. Liga-se ao símbolo da Terra, acesso a uma vida nova de libertação das forças negativas, desmaterializa e liberta as forças ascendentes do espírito. Filha da noite e irmã do sol.
Música - manifestação de arte caracterizada pela harmonia que comanda a ordem do Universo onde o Homem se inte­gra. Remete para a ideia de perfeição.
Noite - tristeza, angústia, começo da jornada, tempo de gestação e de conspiração, imagem do inconsciente. Possui um duplo aspeto: trevas e fermento do futuro (preparação do dia).

Números:
1  (um) - verticalidade, princípio ativo, o criador, centro cósmico e místico, revelação, mediação capaz de elevar o Ho­mem, através do conhecimento. Simboliza o Homem ativo, associado à obra da criação.
2  (dois) - oposição, conflito, reflexão, equilíbrio, ambivalência, antagonismo (o criador / a criatura; o branco / o preto; o masculino / o feminino; a matéria / o espírito), a dialética, o esforço, o combate, o movimento, a rivalidade. A ima­gem dupla intensifica o seu valor simbólico, desdobrada revela as divisões internas.
3  (três) - exprime uma ordem intelectual e espiritual. Sintetiza a unidade do ser vivo.
4  (quatro) - a solidez, o tangível, o sensível, o terrestre, a totalidade, a universalidade. Representa o número de por­tas que permitem o acesso ao aperfeiçoamento místico.
5  (cinco) - união, harmonia, equilíbrio, ordem, perfeição, os cinco sentidos, a totalidade do mundo sensível. Simboliza o Homem, o Universo, a vontade divina, o casamento do princípio celeste (3) com o princípio terrestre (2), o fogo numa aceção ambivalente: dia, luminosidade / noite, trevas.
6  (seis) - a prova entre o bem e o mal, a mediação entre o Princípio criador e a manifestação.
7  (sete) - poder, pacto entre Deus e o Homem, a plenitude, a perfeição, a unidade, a realização total, consciência da vida, ciclo terminado, renovação positiva. Simboliza a totalidade do espaço, do tempo, do Universo em movimento.
8  (oito) - equilíbrio cósmico, anúncio de uma época eterna, Justiça. Simboliza a ressurreição seguida de transfigura­ção, através da graça divina.
9  (nove) - medida das gestações, das procuras futuras, coroação de esforços, número da plenitude.
10 (dez) - sentido de totalidade, é símbolo da criação universo.
12 (doze) - número das divisões espácio-temporais, simboliza o Universo na sua complexidade interna. Este número é de grande riqueza na simbologia cristã. Para os escrivães bíblicos, é o número da eleição. Representa um ciclo fechado.
13 (treze) - mau augúrio. Na Antiguidade, assumia-se como o mais poderoso e sublime dos números.
17 (dezassete) - número nefasto.
Nuvem - natureza confusa e mal definida, realidade em metamorfose. Simboliza a manifestação da atividade divina enquanto produtora de chuva, está ligada às fontes de fecundidade.
Olho(s) - conhecimento, perceção intelectual da realidade. Na tradição maçónica, o olho simboliza o sol que é luz e vida.
Olhar - instrumento de revelação da interioridade, espelho que reflete duas almas.
Os quatro elementos da Natureza:
Água - (elemento passivo e feminino) fonte e origem da vida, meio de purificação, retorno à origem. Símbolo de ferti­lidade, pureza, sabedoria, graça e virtude, totalidade de possibilidades.
Ar - (elemento ativo e masculino) símbolo de espiritualização. Está associado ao vento, ao sopro, representa o mun­do subtil intermediário entre o céu e a terra, símbolo sensível da vida invisível, um móbil universal e purificador. É o meio próprio da luz, do perfume, da cor, das vibrações interplanetárias. É a via de comunicação entre a terra e o céu. O ser aéreo é livre como o ar e, longe de se evaporar, participa nas propriedades subtis e puras do ar.
Fogo - (elemento ativo e masculino) purificação, regeneração, a iluminação, a destruição. Pode ter um sentido ambi­valente: a destruição pode ter como objetivo a regeneração para alcançar a luz e a verdade.
Terra - (elemento passivo e feminino) substância universal, a matéria-prima separada das águas. Simboliza a função maternal, a fecundidade e a regeneração, a mãe, fonte do ser e da vida, o seu contacto devolve as forças e energias.
Ouro - o mais precioso dos metais, o metal perfeito, tem o brilho da luz, reflete a luz divina, evoca o sol e toda a sua simbologia: fecundidade-conhecimento.
Pássaro - relações entre o Ser e a Terra, presságio, mensagem do céu, figura da alma libertando-se do corpo, símbolo do mundo celeste, estado espiritual, estados superiores do ser, intermediário entre Céu e Terra, poder mágico de comuni­car com os deuses.
Pedra - elemento de construção associado à sedentarização dos Homens. Estabelece uma relação íntima entre a Terra e o Céu. Símbolo da Terra-Mãe. A pedra bruta é ambivalente: se é trabalhada pela ação humana, torna-se vulgar; se é ta­lhada pela atividade celeste, enobrece.
Pena - ascensão celeste, clarividência, poder, símbolos de sacrifício.
Rio - vida e morte, descida para o oceano, retorno à indiferenciação, regresso às fontes divinas, às origens. Para os gre­gos, os rios eram divinizados como os filhos do Oceano e pais das ninfas. O rio inspirava veneração e crença. O rio dos Infernos significa os tormentos que esperam os condenados. Os rios perdem-se nos lagos e vão desaguar ao mar, simbo­lizam o curso - a existência da vida humana.
Sangue - veículo de vida, fonte de vitalidade corporal e espiritual, simboliza os valores associados à beleza, à nobreza e à elevação.
Serpente - ligada à noite das origens subterrâneas e frias, símbolo ambivalente: impede a desintegração, transmuta a morte em vida; engendra os vícios humanos, simboliza o secretismo, o orgulho, a avareza, o egoísmo, a luxúria.
Sino - música primordial da harmonia universal, apelo divino, a obediência à palavra divina, comunicação entre o Céu e a Terra. Pode simbolizar o afastamento das influências más ou o aviso da sua aproximação.
Sol - manifestação da divindade, fecundador, fonte de luz, de calor e de vida, é símbolo de ressurreição e de imortalidade. Representa o centro do céu, o centro do ser, a inteligência cósmica. É símbolo do rei e coroação do império. Fonte da vida e do conhecimento.
Sonho - não é controlado, escapa à vontade e à responsabilidade do indivíduo. Os sonhos podem ser proféticos, iniciáticos, telepáticos, visionários ou mitológicos. Estes são necessários ao equilíbrio biológico e mental.
Tambor - arma psicológica.
Viagem - verdade, paz, imortalidade, preparação para a iniciação, progressão espiritual, desejo de mudança interior, desejo de experiências novas, insatisfação e procura de novos horizontes.


Jean Chevalier, Alain Gheerbrant, Dictionnaire des Symboles, Robert Laffont, Jupiter (adaptado)

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Sobre Fernando Pessoa, podes consultar









Podes começar por ver o documentário da série Grandes Livros sobre O Livro do Desassossego.














Aqui, acesso direto a toda a obra édita:











Retratos de Pessoa


Fernando Pessoa retratado por:


 Almada Negreiros





Júlio Pomar






Miguel Yeco



Fernando Pessoa




[NOTA BIOGRÁFICA] DE 30 DE MARÇO DE 1935

Nome completo: Fernando António Nogueira Pessoa.“Idade e naturalidade: Nasceu em Lisboa, freguesia dos Mártires, no prédio n.º 4 do Largo de S. Carlos (hoje do Directório) em 13 de Junho de 1888.

Filiação: Filho legítimo de Joaquim de Seabra Pessoa e de D. Maria Madalena Pinheiro Nogueira. Neto paterno do general Joaquim António de Araújo Pessoa, combatente das campanhas liberais, e de D. Dionísia Seabra; neto materno do conselheiro Luís António Nogueira, jurisconsulto e que foi Director-Geral do Ministério do Reino, e de D. Madalena Xavier Pinheiro. Ascendência geral: misto de fidalgos e judeus.

Estado: Solteiro.

Profissão: A designação mais própria será «tradutor», a mais exacta a de «correspondente estrangeiro em casas comerciais». O ser poeta e escritor não constitui profissão, mas vocação.

Morada: Rua Coelho da Rocha, 16, 1º. Dt.º, Lisboa. (Endereço postal - Caixa Postal 147, Lisboa).

Funções sociais que tem desempenhado: Se por isso se entende cargos públicos, ou funções de destaque, nenhumas.

Obras que tem publicado: A obra está essencialmente dispersa, por enquanto, por várias revistas e publicações ocasionais. O que, de livros ou folhetos, considera como válido, é o seguinte: «35 Sonnets» (em inglês), 1918; «English Poems I-II» e «English Poems III» (em inglês também), 1922, e o livro «Mensagem», 1934, premiado pelo Secretariado de Propaganda Nacional, na categoria «Poema». O folheto «O Interregno», publicado em 1928, e constituído por uma defesa da Ditadura Militar em Portugal, deve ser considerado como não existente. Há que rever tudo isso e talvez que repudiar muito.

Educação: Em virtude de, falecido seu pai em 1893, sua mãe ter casado, em 1895, em segundas núpcias, com o Comandante João Miguel Rosa, Cônsul de Portugal em Durban, Natal, foi ali educado. Ganhou o prémio Rainha Vitória de estilo inglês na Universidade do Cabo da Boa Esperança em 1903, no exame de admissão, aos 15 anos.

Ideologia Política: Considera que o sistema monárquico seria o mais próprio para uma nação organicamente imperial como é Portugal. Considera, ao mesmo tempo, a Monarquia completamente inviável em Portugal. Por isso, a haver um plebiscito entre regimes, votaria, embora com pena, pela República. Conservador do estilo inglês, isto é, liberdade dentro do conservantismo, e absolutamente anti-reaccionário.

Posição religiosa: Cristão gnóstico e portanto inteiramente oposto a todas as Igrejas organizadas, e sobretudo à Igreja de Roma. Fiel, por motivos que mais adiante estão implícitos, à Tradição Secreta do Cristianismo, que tem íntimas relações com a Tradição Secreta em Israel (a Santa Kabbalah) e com a essência oculta da Maçonaria.

Posição iniciática: Iniciado, por comunicação directa de Mestre a Discípulo, nos três graus menores da (aparentemente extinta) Ordem Templária de Portugal.

Posição patriótica: Partidário de um nacionalismo místico, de onde seja abolida toda a infiltração católico-romana, criando-se, se possível for, um sebastianismo novo, que a substitua espiritualmente, se é que no catolicismo português houve alguma vez espiritualidade. Nacionalista que se guia por este lema: «Tudo pela Humanidade; nada contra a Nação».

Posição social: Anticomunista e anti-socialista. O mais deduz-se do que vai dito acima.

Resumo de estas últimas considerações: Ter sempre na memória o mártir Jacques de Molay, Grão-Mestre dos Templários, e combater, sempre e em toda a parte, os seus três assassinos – a Ignorância, o Fanatismo e a Tirania”.

Lisboa, 30 de Março de 1935
Fernando Pessoa



In Escritos Autobiográficos, Automáticos e de Reflexão Pessoal, ed. Richard Zenith, Assírio & Alvim, 2003, pp. 203 - 206.

citado em http://casafernandopessoa.cm-lisboa.pt/index.php?id=2246, consultado em  7 de novembro de 2012




Modernismo

Pablo Picasso (1881 - 1973) é um dos artistas mais representativos do Modernismo.
Estes quadros são dois exemplos marcantes da sua arte.

Les Demoiselles d'Avignon, 1907


The Weeping Woman, 1937

Para mais informação sobre este e outros artistas, consulta este sítio.